(...) então André perguntou no seu tom de voz que é quase música: Você gosta de ser assim tão bonita? Clara enrubesceu e sorriu, envergonhada. Olharam-se em silêncio, um silêncio feito de olhos sorridentes, esperança e sonhos. E, entre sorrisos e sonhos, André tocou o rosto de Clara. E a beijou.
E foi aí que tudo acabou e começou, no mesmo instante. Todas as certezas, planos, previsões e estudos de Clara estavam condenados. Ela sabia que nada mais daquilo importava. Ela queria surpresas. Queria desejar sem saber o porquê, sem nem saber o que queria até que fosse tarde demais e ela já o tivesse. Ela não queria mais encontrar a saída, alcançá-la em uma única curta travessia – sem desvios ou obstáculos. Ergueu as mãos e deixou o vento levar o mapa. Desistira do caminho mais curto. Queria continuar perdida enquanto pudesse.
6 comentários:
Que lindo...
Enterneceu minha alma!
Beijos, querida!!
Carina,
Por vezes precisamos nos perder para nos encontrarmos!
Beijos,
AL
Tatiana: Que bom que gostou, querida! Beijos!
AL: Acho que é, sempre, só nos perdendo que encontramos. :)
Clara entrou no labirinto de Eros, labirinto do mistério e da imaginação!
Foi atingida pela flecha do cupido, foi pega de surpresa!
A surpresa é o elemento essencial da vida...
Belíssimo conto!!
Beijos...
há encruzilhadas em que vale a pena perdermo-nos. mesmo que para nunca mais nos reencontrarmos. mas, o que seria da vida sem o risco?... e de nós?...
um beijo!
p.s. também eu adoro a escrita do josé luís peixoto.
Para se encontrar ou se reencontrar, é preciso andar perdida por aí. Mapas para tal não funcionam, só te conduzem à cidade dos outros.
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