sábado, 26 de fevereiro de 2011

Por que?

Teus olhos que me descobrem.

Tua boca que me dá fome.

Tuas mãos que me seguram e me libertam.

Tua pele que me veste feito luva.

Teu cheiro que me inebria.

Teu toque que me desloca, louca.

Teu sabor que é deleite.

Tuas palavras que me tatuam.

Teu sonho que me dorme.

Teu ritmo que me compõe.

Tua neurose que me faz abrigo.

Teu sorriso que me faz piada.

Teu tempo que me faz presente.

Tua impermanência que me repete.

Tua hesitação que me faz desejo.

Tua chatice que me faz companhia.

Tua presença que me faz boba.

Teu caminho que me faz estrada.

Você que me faz eu.

6 comentários:

Fabrício César Franco disse...

Carina,

Que bom que o título do poema já me diz ao que veio, pois se eu tomasse só o corpo dele eu ficaria um tanto o quanto preocupado. Explico: quem entrega o motivo de sua vida ao outro, na tentativa de se explicar através do alheio, acaba se perdendo por completo. O questionamento do título me propõe não a entrega amortecida e gratuita, mas toda uma angústia de se perceber no envolvimento com outra pessoa, conservando um mínimo de identidade. O final, contudo, volta a me alarmar: a gente se faz. O outro só nos acompanha. A completude está em nós. ;)

Beijo e obrigado pela gentil visita, lá no Logomaquia.

Carina Destempero disse...

Fabrício, acho que não há completude nunca, nem em nós. Nos (re)fazemos a cada momento, passando sempre pelo outro para tanto. :)
E você juntou bem, entrega e angústia, sempre juntas.

Ana SSK disse...

O que é teu e o que é meu?
A gente se confunde, e é tão bom!

Nem sempre.
:)

Fred Caju disse...

Da minha parte troco a interrogação por uma exclamação.

O Profeta disse...

Ao meu silêncio chegou um riso
O meu desejo mora no limite da razão
Roubando os segredos do corpo
Lembro as tuas mãos como uma torrente de emoção

Lembro que enchi o vazio da tua alma
Enjauladas as asas morrem de dor
A beleza é um momento eterno
É o espelho de água onde se contempla o amor


Doce beijo

Suzana Martins disse...

O ser, o seu, o meu, o nosso que transforma-se em uno...

Beijos querida

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