As palavras me assustam. As palavras que digo, quando as digo, perco-as. Perco a posse imaginária que tenho sobre elas. Saem da minha boca - ou dos meus dedos – para o mundo, e seu destino é sempre imprevisível. Por isso muitas vezes calo. Por medo de dar minhas palavras ao outro e ter que aceitar que elas me atravessam, me marcam, passam por mim, mas não as retenho, seu destino é outro - o outro. Temo porque sei que não há explicação que explique tudo, não há certeza de ser entendida – aliás, o que há é a certeza de não sê-la. Porque nem eu entendo. Mas há também a necessidade de falar e passar por esse outro, pois só assim há alguma chance de comunicação e de não perder-me em solidão. Sou, então, isso: calo por medo, falo por pavor.
2 comentários:
silêncio é defesa.
palavras tb.
Recorte: "seu destino é outro - o outro"
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