segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Luto

Luto para escrever esse texto. Reluto por não querer escrever as palavras que têm me escrito. Temo dizer o que não quero e, talvez, o que quero também. Teimo em dizer que não sei nada. Mas luto, reluto, temo e teimo por não conseguir entrar em acordo comigo. Parte de mim está com raiva, quer que essa história acabe e a vida siga. Outra parte quer entender, ainda, os pormenores, detalhes (in)significantes que fizeram nós, mas não deram laço. E há também a parte que não liga pra raiva, não quer entender nada, e só quer viver o que resta de amor, viver o amor que é sempre resto. E há ainda eu. Que não consigo escrever as frases acima sem encher os olhos de lágrimas. Que odeio não ser capaz de dar fim a confusão. Que entendo, não entendo, e odeio as duas coisas. É, parece que há muito ódio por aqui. Mas é que só quem ama é capaz de odiar. E eu amo, muito. Todas as minhas partes te amam e te odeiam ao mesmo tempo. Todas sentem você. Então teimo. Teimo em dizer que te odeio. Temo dizer que te amo. Reluto em dizer por que luto. Luto para não viver o luto. Luto para não viver sem você.

10 comentários:

Ale disse...

Relutante? O texto ficou lindo!


Bjkas

Vanessa Souza disse...

A eterna ambivalência :)

Talita Prates disse...

Posso grifar o texto todo e dizer que "essa" foi minha parte favorita?
rs...........

Cá, juro que eu queria ter escrito isso.
Mas tudo bem ter sido VOCÊ quem escreveu.... rsrsrs.

O beijo, super querida!

Boa sorte daí...

Ígor Andrade disse...

Texto lindo!

Ayanne Sobral disse...

Ai, ai.
Se você tivesse visto a minha cara aqui depois de te ler, num misto de sorriso e lágrimas.

É que eu me vi em todas as cenas dessa história que você dirigiu em palavras. Todas. O quão estranho e bom é ver sentimentos meus contados pela tua letra, que é linda. Pela tua poesia que encanta.

Lindo, lindo, lindo o seu texto. Precisava mesmo dele.
Obrigada por escrever, Carina-menina-que-fala-do-amor.
:)

Jorge Pimenta disse...

carina,
há palavras que nos fogem e outras que se nos impõem como feridas de pele. normalmente, as mais duras, as mais vivas, as mais perenes, estas... como todas as coisas que as suscitam. e num atavio de voz, num espinho de canto, ousamos dizer, embalando o coração cuja sintaxe, sendo materialmente diferente, serve-se dos mesmos referentes... dentro e fora de cada um de nós.
beijinho com saudades daqui!

Ana SSK disse...

Anônimo disse... Ai, dona Carina.
Vezenquando mais parece que os meus pensamentos voam alto por aí e se concretizam vestidos de festa nas tuas letras. E restos.

Marcelo Henrique Marques de Souza disse...

O bonito do amor é que ele é mais melancolia que luto.

Marcelo Henrique Marques de Souza disse...

Já ia me esquecendo:
Aos amigos e amigas blogueiros(as) que estejam pelo Rio de Janeiro no dia:

No próximo dia 17 de setembro, vou lançar meu quarto livro, o ensaio "O Poeta, o Canibal e o Espelho". O evento começa às 18 horas e vai até às 21, no Espaço Cultural da editora Multifoco, que fica na rua Mem de Sá, 126, na Lapa. Espero todos lá.

Abraços e beijos

Lívia Azzi disse...

É mesmo uma confusão quando sentimos que somos completamente tomadas! Amamos esse encantamento, mas odiamos a capacidade do outro de roubar-nos de nós mesmas...

PS. Estou amando “Henry & June”!

Beijos, Carina!

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