Acordei, como tantos outros dias, envolta em sonhos e coberta de esperança. Mas, ao levantar, percebi que eles não me aqueciam como antes. Estava de pé, com frio, te olhando deitado, a respiração ritmada, uma expressão tranquila no rosto. Invejei aquela tranquilidade, desde a noite em que deitei na sua cama pela primeira vez nunca mais a senti. O vento gelado que entrava pela fresta entre a porta e o chão trouxe culpa. Peguei-a, embrulhei-a com uma manta de mágoa e pus aos teus pés. Afinal, eu não tinha dúvida: a culpa da minha dor era sua. Suspirei, sentindo a decisão que já tinha tomado. Olhei-te uma última vez. Vesti-me de despedida, te entreguei parte da minha alma partida, e fui.
13 comentários:
Como é difícil vestir essa roupa de-ir-embora.
Maravilhoso, Cá.
Sou fã!
: )
Beijo.
Carina
Quanta coragem é preciso para tirar a roupa supostamente confortável e vestir despedida. Perder um pedacinho da alma para continuar tendo alma.
Sensível e maravilhoso.
Palavras vestidas de sentimentos e de sensações já conhecidas.
A gente nunca sabe o que vestir para dizer adeus.
Adorável, Carina. Amei.
Beijo!
Belo texto, bela Carina!
Abração!
Como forma de me esvaziar de tantos sentimentos e tentar vestir-me de despedida eu pego essas tuas palavras que cabem tão bem no momento que estou vivendo. Posso?
Texto mais-que-lindo.
Olhei-te uma última vez. Vesti-me de despedida, te entreguei parte da minha alma partida, e fui. -
Fui, pela primeira vez, nua de suas mentiras, despida de tuas falsidades. Parti. Conjuguei minha vida passada e acertei meus passos presentes. Fiz da tua infantilidade meu regalo.
Poderia continuar uma noite inteira escrevendo com tuas ideias. Ah, como eu gosto dos teus textos minha confrade!
Queria engolir cada uma dessas palavras junto com a força que advém delas. Talvez assim eu consiga, um dia, transformar em ato os fatos que me fatalizam a alma. Se eu não conseguir nunca, a vida se encarrega de me levar embora.
Amo o que escreve, Ca!
Esse vestido é muito difícil de se pôr sozinha, geralmente a gente precisa de ajuda, ou de muita destreza....
Lindo, Cpa!
Queria dizer muitas coisas, mas não posso. Você me exilou numa ilha de sentires muito intensos, muito longos, muito distantes.
De vontades que eu finjo não ter, e latejam.
Roubei tuas palavras, menina-do-amor. Me vesti delas.
Despedida necessária às vezes, quando a gente reconhece que o amor machuca.
que texto bonito o seu. dizem que quando o amor machuca assim torna-se dor. é preciso clareza pra discernir e força pra se decidir - que comentário rimadinho rs..
beijoca
Seu texto exala uma sensação, os detalhes e alcançam o real, nos leva a entrar na história.
Parabéns :D
Mais tarde de uma passadinha em Muchas Coisas; vida e cotidiano.
http://muchascoisas.blogspot.com.br/
Postar um comentário