Luto para escrever esse texto. Reluto por não querer escrever as palavras que têm me escrito. Temo dizer o que não quero e, talvez, o que quero também. Teimo em dizer que não sei nada. Mas luto, reluto, temo e teimo por não conseguir entrar em acordo comigo. Parte de mim está com raiva, quer que essa história acabe e a vida siga. Outra parte quer entender, ainda, os pormenores, detalhes (in)significantes que fizeram nós, mas não deram laço. E há também a parte que não liga pra raiva, não quer entender nada, e só quer viver o que resta de amor, viver o amor que é sempre resto. E há ainda eu. Que não consigo escrever as frases acima sem encher os olhos de lágrimas. Que odeio não ser capaz de dar fim a confusão. Que entendo, não entendo, e odeio as duas coisas. É, parece que há muito ódio por aqui. Mas é que só quem ama é capaz de odiar. E eu amo, muito. Todas as minhas partes te amam e te odeiam ao mesmo tempo. Todas sentem você. Então teimo. Teimo em dizer que te odeio. Temo dizer que te amo. Reluto em dizer por que luto. Luto para não viver o luto. Luto para não viver sem você.